Por que a mudança?

Pesquisas feitas desde o início do século XXI demonstravam grande desinteresse dos alunos pelo Ensino Médio. Entre as reclamações relatadas estavam a falta de sentido nos conteúdos transmitidos, assim como o excesso deles, e suas correlações com o acesso ao Ensino Superior.

Com base nessas pesquisas, estudiosos em Educação passaram a buscar propostas para uma reformulação do Ensino Médio que dialogassem mais com o adolescente atual, buscando estimular tanto seu interesse quanto sua curiosidade, proporcionando um ensino menos fragmentado e com maior integração curricular.

Paralelamente, o Ensino Médio implementado em países europeus passou a ser cada vez mais reconhecido mundialmente como modelo de educação. Entre as inovações propostas estavam uma flexibilidade e diversidade de atividades, priorizando uma formação geral básica e comum a todos os estudantes, além de conteúdos que dialoguem com os interesses e vocação do estudante, formulados com matérias eletivas consoantes ao projeto de vida de cada um.

Dessa forma, secretários de educação, pesquisadores e educadores passaram a se reunir com o intuito de propor mudanças que dialogassem com as reais necessidades dessa etapa de ensino básico, com a realidade do jovem e buscassem inspiração em modelos sistematizados e bem sucedidos fora do Brasil.

O que muda?

Entre todas as alterações, ao menos cinco pontos chamam bastante atenção e exigem empenho de toda comunidade escolar para implementação. São eles:

A carga horária do Ensino Médio passa de 800 horas anuais para, pelo menos, de 1.000 horas anuais, totalizando 3.000 horas em todo o Ensino Médio.

O currículo passa a ser organizado em quatro áreas do conhecimento, são elas: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, conforme indicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento norteador do currículo geral básico que define as competências e habilidades necessárias para serem desenvolvidas.

Nessas áreas, os únicos componentes que continuam sendo obrigatórios são: Língua Portuguesa, Matemática e Língua Inglesa. Quanto aos demais, eles serão abordados segundo comum acordo entre as redes de ensino.

Outra novidade, talvez a mais evidente para os estudantes, é a possibilidade de eleger aquilo que irão estudar de acordo com suas preferências.

Isso porque, além dos conteúdos obrigatórios das quatro áreas da BNCC (que devem corresponder a 1.800 horas de todo o curso do Ensino Médio) passam a ser oferecidas atividades eletivas, denominadas Itinerários Formativos, correspondendo a 1.200 horas ao longo de todo o Ensino Médio.

O que são os Itinerários Formativos?

É o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudos, entre outras situações de trabalho, os quais o estudante poderá escolher no Ensino Médio. Os itinerários formativos podem se aprofundar nos conhecimentos de uma área do conhecimento (Matemáticas e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e da formação técnica e profissional (FTP) ou mesmo nos conhecimentos de duas ou mais áreas e da FTP. As redes de ensino terão autonomia para definir quais os itinerários formativos irão ofertar, considerando um processo que envolva a participação de toda a comunidade escolar.

Segundo os referenciais curriculares para a elaboração dos Itinerários formativos, os itinerários deverão atingir quatro objetivos:

1 – Aprofundar e ampliar as aprendizagens relacionadas às competências gerais da educação básica, as áreas do conhecimento, e/ou a educação técnica e profissional.

2 – Consolidar a formação integral dos estudantes buscando desenvolver a autonomia necessária para que eles possam realizar seus projetos de vida.

3 – Promover a incorporação de valores universais como a ética, liberdade, pluralidade, democracia, justiça social, solidariedade e sustentabilidade.

4 – Estimular os estudantes para que desenvolvam habilidades que permitam uma visão de mundo ampla e heterogênea, tomando decisões e agindo nas diversas situações na escola, trabalho e na vida.

Os Itinerários Formativos se agrupam em cinco opções:

Linguagens e suas Tecnologias;

Matemática e suas Tecnologias;

Ciências da Natureza e suas Tecnologias;

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e

Formação Técnica ou Profissional (FTP).

Os itinerários devem propor aos alunos um aprimoramento em uma área com abordagem prática para que os eles possam aplicar os conhecimentos em diferentes contextos.

No caso dos itinerários de formação técnica e profissional, o objetivo é qualificar os estudantes para ao mundo do trabalho.

As escolas deverão oferecer ao menos duas opções de itinerários e os estudantes poderão escolher entre as opções disponíveis. Assim, eles terão a oportunidade de estudar algo que seja de seu interesse e focar em suas carreiras profissionais após a conclusão do ensino básico.

As escolas que optarem por oferecer Formação Técnica ou Profissional poderão admitir profissionais de “notório saber”, em geral com formação em nível de Bacharelado ou Tecnólogo, ainda que eles não possuam o título de Licenciado – exigido para a docência nas escolas. Assim, arquitetos poderão dar aulas no curso de Edificações, por exemplo.

Para garantir o cumprimento das exigências para o Novo Ensino Médio, as escolas poderão firmar parcerias com instituições de ensino à distância, que permitem maior flexibilidade de realização de atividades, além da oferta diversificada e especializada de conteúdos.

Nesse sentido, convidamos a conhecer a Plataforma Barsa na Rede, uma ferramenta digital repleta de conteúdos personalizados e de alta qualidade, alinhados à BNCC, desenvolvida para apoiar estudantes e educadores nesse desafio de ensino híbrido.